quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CHÃO DE BARRO


Meu terreiro de pitangas
lá pertinho do riacho,
bem do lado um pé de mangas,
um abacateiro, eu acho.

Sem ver campo, sem ver serra,
no asfalto bruto me esbarro,
sem sentir cheiro de terra,
sem sentir meu chão de barro.

No fundo de cada vida
brota dor no coração,
uma saudade doída
como eu sinto do meu chão.

Chão de barro do sertão,
da minha velha palhoça,
andava com pé no chão,
o meu carro era carroça.

Saudade que rasga chão
não me encerro na cidade,
aqui, morro de paixão,
aqui morro de saudade.


Dáguima Verônica de Oliveira

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

NO BALANÇO DA SAUDADE




A saudade tem cheiro de gangorra
no quintal da criança que hoje acorda,
presa em apartamento igual masmorra.
Despertando, a saudade se transborda...


A gangorra era presa na paineira,
muito bem amarrada por meu pai,
com cordas de pear vaca leiteira.
A saudade que tenho não se esvai...


Faz tanto tempo que hoje nem recordo
se caí da gangorra, nela a bordo,
mas lembro de mamãe me prevenir.


Minha mãe, hoje tem bem mais perigo,
fico aqui, prisioneira em meu abrigo,
a saudade eu balanço pra dormir.

Dáguima Verônica de Oliveira