Meu viver foi só trabalho
remando contra as marés,
costurei cada retalho
consertando o seu viés.
Toda sorte se escondeu
e dela nem tive abraço,
nem por isso me doeu,
não dei chance ao meu cansaço.
Fui dando tudo que tinha
e como o surrar de um sino
a dor foi somente minha,
nunca culpei o destino.
Às vezes cambaleante,
outras vezes dei guinada,
de mim mesma fui amante
por mim mesma fui amada.
Plantei um bobo sorriso,
inventei o meu jardim,
rabisquei o paraíso,
fiz meu Deus perto de mim.
Peço ao sol ele me aquece
e não me deixa chorar,
nessa força a alma não tece
a tristeza em meu olhar.
Com o andar cambaleante
fiz a trilha verdadeira,
não sei dar passo gigante,
porém sei chegar inteira.
Desenhei o meu futuro,
Jogo força em cada passo,
sou a luz do meu escuro,
é na raça que eu me faço.
Dáguima Verônica de Oliveira