sábado, 17 de outubro de 2009

SILÊNCIO


SILÊNCIO


Um grito mudo?
pode ser...
A alma quem diz.
Tudo que sei
é quando meu eu
quer falar
e o grito
fica preso na garganta,
sentimentos se misturam por todo corpo.
Mas quando você vem,
entra em mim
meu eu
fala mais que mil palavras,
tudo fala,
tudo faz...
Fico muda,
falante de prazer.

Dáguima Verônica de Oliveira

CORDEL


PRIMEIRA VIAGEM

Junto ao toco da porteira
eu guardei o meu segredo,
sob a sombra da paineira
escrevi o meu enredo.
Era curva de caminho,
sobre a grama fiz meu ninho,
ali tive a vez primeira.

Os beijos sem endereço,
um fungado em nossa orelha
- sem ter tempo, reconheço .
Gemendo, o berro da ovelha
traça a medida da dor
da vergonha sem pudor
que é sentida no começo.

A nossa primeira viagem,
como curva de caminho,
a gente não vê paisagem
também não se faz carinho.
Matéria prima de pedra,
qualquer coisa a gente medra,
qualquer espaço é barragem.

Fica a mancha da saudade
de uma etapa assim queimada
na faminta puberdade
de um fazer de um quase nada.
Se o tempo pra nós voltasse
e de novo a gente amasse
eu dobrava a madrugada.

O vento escrevendo as cores,
a brisa parando o tempo,
entre beijos e clamores
sem medo e sem contratempo,
suspirando a vez primeira,
degustando a derradeira
sem ter culpa nem pudores.

Feita em sonhos, a saudade
costura um fio de esperança
- lá da roça pra cidade
como se fosse criança.
Juntam mundos em segundos,
num cruzamento, fecundos,
pra dar cria a uma vontade.

A primeira viagem dói,
deixa marca em nossa vida,
muita coisa ela destrói,
faz buraco, faz ferida
puxando nosso pensar,
fazendo a gente voltar
para uma etapa perdida.

Dáguima Verônica de Oliveira

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

POEMA SEM SENTIDO



Ah, se eu pudesse voltar
por entre sonhos passados!
Eu sei, jamais esperava
não ter tido os meus cuidados.

Vago, por essa avenida
misturada aos espantalhos.
Bebo o sabor de um suicida
tendo a cabeça entre galhos.

Eu amontoarei meus versos
- mesmo já tendo partido,
fingirei os teus regressos
num poema sem sentido.

Agarrarei o teu rosto,
- do teu corpo me aproprio,
comerei desse teu gosto
no sabor de um arrepio.

Como não te amar agora?
Pede mimo eu dou amor,
extasiados, como outrora,
sob um fogo abrasador.

Como se fosse a primeira
da pedra não lapidada,
armadilha derradeira,
eis a gota derramada...!

Tudo faço sem ter nexo,
te escrevo com mão vazia
pra te ler entre meu sexo,
nessa pobre poesia.

Dáguima Verônica de oliveira